RESUMO: Este artigo aborda a importância das brincadeiras na constituição das crianças, enquanto sujeitos de sua própria aprendizagem. Destacar como a professora da EMEI Peixinho Dourado planeja a sua intervensão, a partir de observações sistemáticas. Analisa também como a organização do espaço físico contribui para a criação de um ambiente de aprendizagem. Além disso, apresenta as estratégias utilizadas para favorecer o processo de reflexão constante da equipe sobre o seu fazer pedagógico.Palavras-chave: brincadeira - aprendizagem - intervenção - planejamento.Sabemos que as crianças brincam desde os tempos mais remotos de nossa história. Brincam de casinha, de professora, de cuidar de bebês, com os carrinhos, constroem torres e tantas outras situações. Mas porque o brincar povoa tão intensamente o cotidiano infantil? As crianças brincam para compreender o mundo que as cerca. Verifiquei, que na EMEI Peixinho Dourado, que, para entenderem o mundo adulto, a professora faz uso de alguns objetos, transformando-os de acordo com suas necessidades, para reresentar situações já vivenciadadas ou pessoas de seu convívio sendo assim, caixas se transformam em carrinhos que percorrem longas pistas, tambores são usados bancos para as bonecas sentarem, peças de plástico são comidinhas com carinhos pelas mamães. Enfim, cada um, de acordo com sua imaginação, utiliza diferentes instrumentos para enriquecer o cenário de sua brincadeira de faz-de-conta.De acordo com Winnicott:"O brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde, o brincar conduz aos relacionamentos grupais." (Winnicott, 1975:63)Na observação realizada no período de 28 de maio à 1º de junho de 2007, no Pré-B do EMEI Peixinho Dourado, onde à crianças de 5 a 6 anos de idade, houve diversas situações que comprovam que a medida em que os alunos interagem com crianças de mesma faixa-etária, passam gradativamente a solicitar a presença do outro em suas construções. Inicialmente, surgem as brincadeiras paralelas, isto é, os pequenos brincam próximos uns dos outros sem necessariamente haver uma combinação entre as diversas ações que são realizadas. Posteriormente, começam a estabelecer algumas combinações, dando início as brincadeirs socializadas. Nessas ocasiões cada sujeito exerce um papel, e na interação com os amigos vão sendo construídos diferentes enredos. Para tanto, é importante que conheçam algumas características de quem vão representar, ou seja, precisam se apropriar de elementos da realidade para poderem vivenciar do seu personagem. Esses elementos são retirados de diferentes fontes:imitação de pessoas conhecidas, reprodução de situações vivenciadas pelos próprios sujeitos, observadas na televisão e outros.Já, segundo Moyles (2002), o brincar também possibilita que o cérebro se mantenha vivo. Ao brincar, o participante sente-se desafiado a dominar o que já lhe é conhecido, e simultaneamente quer investigar o que de novo o que a situação lhe propõe. Em função disso, o brincar, em todas as idades, é realizado por prazer, possibilitando uma atitude positiva diante da vida e desenvolvendo a auto-estima dos sujeitos.As brincadeiras infantis proporcionaram uma riqueza de elementos que permitem ao profssor conhecer seus alunos. Nessas situações, de forma espontânea, elas revelam o modo como se relacionam com seus pares, como se comunicam, como combinam as brincadeiras, que tipo de papel com maior frequência, enfim, é uma oportunidade ímpar para eu, observadora atenta e curiosa de compreender o ponto de vista dos pequenos aprendizes. Dessa forma, a professora da escola utiliza materiais variados,FOTO, como um importante subsídio para o planejamento da ação educativa, ou seja, como um meio para sustentar a intervenção pedagógica favorecedora da aprendizagem significativa dos alunos.Dentro dessa perspectiva, entendo que o professor é um mediador entre a atividade de seus alunos com os colegas e os recursos disponíveis. Ele deve garantir, por suas ações, que a aprendizagem de seus grupo seja contínua. Além de oferecer uam variedade de materiais adequados as necessiadades adequadas as suas necessidades observadas, deve também intervir a fim de favorecer a atividade mental e social das crianças.Para tanto, a organização do espaço físico tem uma importância fundamental. De acordo Horn: ...o espaço, na educação infantil, não é somente o local de trabalho, um elemento a mais no processo educativo; é antes de tudo um recurso, um instrumento, um parceiro do professor na prática educativa (Horn,2003:50). FOTOSendo assim, precisa ser planejado e construído com a participação de toda a equipe. FOTO. A partir dessa perspectiva, a professora em conjunto com seus alunos, tem trabalhado através de projetos para a construção da aprendizagem, em cima disso surge os enfeites da sala de aula. Atualmente a sala de aula é organizada por três mesas redondas que estão no centro da sala; um alfabeto com os três tipos de letras; o mural da leitura que contém vários livros infantis; chamada com peixinho flexível; varal para colocarem as mochilas e outra para expôr os trabalhos dos alunos. A delimitação do espaço físico é feita com prateleira, a mesa e o armário da professora, o que facilita a visualização dos diferentes "cantos". Os alunos ajudam a organizar as prateleiras e após as brincadeiras a professora dá um tempo para eles se organizarem. Além disso, a disposição dos cartazes e a seleção das cores são cuidadosamente planejadas por serem elementos fundamentais para a criação de um cenário de aprendizagem.Dessa forma, a organização do espaço escolar, aliado a intervenção do professor, favorece a interação dos alunos com o meio físico e com os seus colegas. A postura do professor é fundamental, pois na medida é que favorece a iniciativa das crianças, relacionando-se com elas como um parceiro mais experiente, permite a construção de um espaço de convivência descentralizado de sua figura e que oportuniza uma maior independência. Sendo assim, é importante que a criança seja considerada como autora de seus prcessos sociais, ou seja, produtora de enredos inseridos em "cenários" que precisam ser pedagogicamente planejadas para ela.A professora tem presente a importância do brincar no processo de constituição de seus alunos como sujeitos na aprendizagem e, assim, organiza seu trabalho de modo a possibilitar diversas oportunidades, não restringindo o brincar a um determinado momento da rotian. Segundo Fortuna:De um lado, o educador deve desejar - no sentido da dimensão mais objetivo de "ler objetivos" - e, ao mesmo tempo, deve abdicar de seus desejos - no sentido de permitir que as crianças, tais como são na realidade, advenham reconhecendo que são elas mesmas, e não aquilo que ele, educador, desejam que seja, (Fortuna,2003:9).Em função disso, a reflexão constante do professor sobre o seu fazer pedagógico é imprescindível, a fim de garantir o respeito, a individualidade de seus alunos.Dentre muitas teorias me perguntei: "O que são jogos?" Obtive algumas definições de jogo encontrado em diversos dicionários (Lais como GOVE, 1961; MURRAY e outros 1970, MORRIS, 1973) são "divertimento, distração, passatempo". Assim, a palavra "jogo" é usada tendo para referir a atividade individual das crianças na construção com blocos com atividades em grupo de canto ou dança. As definições de jogo que assemelham-se mais a concepção de jogo que adoto:"...uma competição física ou mental conduzida de acordo com as regras na qual cada um tentando ganhar ou impedir que o adversário ganhe". (GOVE,1961, pg.3).Foi a partir dessa definição, que resolvi levar vários tipos de jogos aos alunos do Pré-B, da EMEI Peixinho Dourado durante minha monitoria. Isso só fez com que eu me aprofundasse mais sobre este tema. Então, apresentei vários tipos de jogos para que pudéssemos através deles desenvolver a criatividade, concentração, memorização, percepção visual, motricidade (coordenação motora), análise síntese e visual de partes para o todo e ter idéias do todo.Nos vários tipos de jogos e brincadeiras, estavam incluídas quebra-cabeças de 2 a 8 peças; jogos de memória,; bingo e varetas.Neste momento, me perguntei: "Para que serve os jogos em grupo?"As interações com outras crianças são importantes por duas razões ainda. Primeiro, porque o ponto de vista de uma outra criança é mais similar à razão de uma criança que o de um adulto. Segundo, porque uma grande parte da vida social da criança se passa com seus colegas e não com adultos.Para Piaget, a interação entre crianças também é indispensável para o desenvolvimento intelectual. É nas situações interpessoais que a criança se sente obrigada a ser coerente. Enquanto ela estiver sozinha, poderá dizer o que quizer pelo prazer do momento. É quando está com os outros que ela sente a necessidade de ser coerente a todo momento e pensar naquilo que vai dizer para ser compreendida e para as pessoas acreditarem no que diz.Kamii (1991)explica que, uma das qualidades mais importantes para a construção do conhecimento é a confiança da própria capacidade de encontrar soluções. A criança de 5 anos pode ser vista como alguém que está construindo esta confiança. A criança de 6 anos que foi ensinada por Engelmann (1971), pode ser vista como alguém que está perdendo a confiança em sua capacidade de pensar por si própria. A resposta certa sempre veio do professor, e a maioria das respostas estavam acima da capacidade de compreensão da criança. Geralmente, os professores não são tão radicais, afirma a autora, mas não são diferentes na imposição de conhecimentos prontos e adultos, e na exigências de respostas "corretas". Como conseqüência, muitos alunos universitários não abrem a boca na classe por medo de parecer imbecis.Ao desenvolver as atividades de monitoria observei que quatro alunos brincaram, se divertiram, participaram de todos os jogos propostos. Foi aí, que, fiz a pergunta, e os alunos responderam que gostaram dos jogos e, perguntaram quando iria voltar. Respondi que, poderia ajudar a professora dando alguns modelos de jogos para serem confeccionados juntamente com eles.Conforme passavam os dias, fui observando os alunos. O aluno n°1 (menino), sempre chegava, pegava os legos e montava um barco ou um edifício de muitos andares. Esta atividade ele praticava sozinho com com a aluna n°2. Já a aluna n°3, às vezes brincava junto com sua colega n°4. A professora relatou que todos tem seus grupos "fechados", mas como naquela semana estava muito frio, muitos não estavam freqüentando... E, que esses quatro alunos tinham um gênio forte, eram decididos, mas os que tinham aspecto de líderes, eram as alunas de n°2 e 4.Para Piaget, é importante que as crianças relacionem as coisas uma com as outras porque é relacionando-as que elas constroem o conhecimento. O conhecimento é adquirido pelas crianças por relações e não por exposições à fatos e conceitos isolados.Procurei despertar nestes educandos o gosto pelo brincar, através de jogos e brincadeiras, através das quais proporcionei a eles novas vivências de saberes, que irão, assim espero, contribuir na formação pessoal de cada um, tornando-os cidadãos criativos, com pensamentos ágeis e repletos de um novo saber, capazes de proporcionar-se com autonomia diante aos desafios do mundo.Como já dizia Martins (2002),se a vida é um jogo e o jogo pode se transformar em brincadeira, porque não viver brincando e aprendendo com a brincadeira?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FORTUNA,Tânia Ramos. O brincar na educaçãoinfantil. In: Pátio Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed Editora, ano I, n°3:6-9, dez.2003/mar.2004.
HORN, Maria da Graça Souza. O papel do espaço na formação da ação pedagógica do educador infantil. Porto Alegre: UFRGS, 2003. Teste de Doutorado (Educação), Faculdade de Educação 2003. [Orientadora Dra. Carmen Maria Craidy].
MOYLES, Janet R.Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. PoA: Artmed Ed.,2003.
WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. RJ: Imago Editora, 1975.
KAMII. Constance. Jogos em grupo na educação infantil. Implicações na teoria de Piaget / Constance e Retha. Devries; tradução Martha Célia Dias Carrasqueira; prefácio Jean Piaget. -- SP: Trajetória